O animal viveu tanto na atual Europa quanto na Ásia durante o Miocênico, que começou há 23 milhões de anos e terminou há 5 milhões de anos.
Os paleontólogos calculam que o animal devia pesar cerca de dez toneladas e ter 50 anos quando morreu. (Boris Grdanoski/AP) |
Museu de História Natural da Macedônia, em Skopje, levou ao passado um grupo de paleontólogos que trabalha sem parar nas partes do que acredita-se ter sido um elefante pré-histórico de 8 milhões de anos atrás.
Avisados pelo dono de um vinhedo, paleontólogos macedônios e búlgaros conseguiram escavar partes fossilizadas de uma espécie extinta de elefante, um tipo de mastodonte do Miocênico anterior ao mamute-lanoso. Os ossos foram descobertos por um homem que trabalhava em Dolni Disan, na região central da Macedônia.
“Estava trabalhando na colheita de uvas na vinha no último outono e encontrei algo que parecia um osso grande e que estava enterrado profundamente. Me dei conta que era um osso muito antigo e informei ao museu. Vieram, fizeram uma pesquisa rápida cavando na terra e decidiram cobrir a área até abril”, explicou o fazendeiro Vaso Tashev.
Poucos dias depois de retornar e começar as escavações, eles encontraram o esqueleto de um elefante pré-histórico com presas grandes. Além disso, encontraram partes das patas. Um detalhe que engrandece ainda mais a descoberta, pois, segundo os cientistas, é muito raro ver diferentes tipos de ossos na mesma localidade. Os paleontólogos calculam que o animal devia pesar cerca de dez toneladas e ter 50 anos quando morreu.
Origem
O “Choerolophodon”, como era conhecido, viveu tanto na atual Europa quanto na Ásia durante o Miocênico, que começou há 23 milhões de anos e terminou há 5 milhões de anos.
Nesse período, em toda a Macedônia e no sudeste da Europa, existiam planícies com grama alta e o clima era úmido, parecido ao da savana africana.
Biljana Garevska, uma das paleontólogas que participou dos trabalhos, explicou à Agência Efe que, naquela época, na área onde agora fica a Macedônia havia uma vasta fauna pré-histórica. Primatas, antílopes, girafas, rinocerontes, mastodontes e muitas outras espécies moravam por ali.
“Era um animal muito grande e imponente. Provavelmente esta espécie foi extinta da nossa região depois que o planalto balcânico se elevou para o que agora vemos como o Mar Egeu, secando as terras úmidas. A falta de água significa que também não há comida, e esse é o fim dos mastodontes na nossa região”, relatou Garevska.
Outra equipe já tinha encontrado um fóssil de mastodonte na Macedônia. “Já tínhamos encontrado outros fósseis deste tipo de animal, mas eram menores, só duas pequenas mandíbulas sem presas. A descoberta de agora é muito significativa para a ciência”, ressaltou.
Região
O terreno da ensolarada Macedônia de milhões de anos atrás era majoritariamente argiloso. Esta é a principal razão pela qual as partes fossilizadas em Dolni Disan tiveram a sorte de resistir durante tanto tempo.
“Normalmente, só encontramos fósseis em terreno argiloso. Às vezes a erosão ou os trabalhos agrícolas fazem emergir estes fósseis, fazendo com que se tornem acessíveis para a análise dos pesquisadores e nos mostrando pedaços de uma Terra que nunca conheceremos completamente”, esclareceu Makedon Petlicharov, restaurador aposentado do Museu de Ciências Naturais.
Já Nikolay Spasov, paleontólogo búlgaro, que integrou a equipe que realizou a escavação, afirmou que a região esconde bastantes jazidas pré-históricas de grande valor, não só de animais.
“Espero que aqui possamos encontrar também partes de humanos pré-históricos”, disse, de maneira otimista, ele, que é membro da Academia de Ciências da Bulgária a jornalistas locais.
Por sua vez, o ministro da Cultura da Macedônia, Robert Alagjozovski, disse quando visitou o local das escavações que esta é uma das descobertas mais espetaculares do Museu de História Natural.
“Essa descoberta no coloca no mapa paleontológico da Europa e do mundo”, comemorou.
No final do ano, as partes do elefante pré-histórico serão expostas no Museu de Ciências Naturais, junto a outros achados do mesmo período.
Revista Veja
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