Um novo estudo mostrou que adolescentes e jovens adultos que sobreviveram ao câncer correm um risco pelo menos 2,37 vezes maior de desenvolver doença cardiovascular no futuro
Adolescentes e jovens adultos que sobreviveram ao câncer correm um risco 2,37 vezes maior de desenvolver doença cardiovascular no futuro. Entre os que sofreram de leucemia e câncer de mama, esse risco subiu para 4,2 vezes e 3,6 vezes, respectivamente. É o que diz um estudo publicado recentemente no periódico científico Journal of Clinical Oncology.
Pesquisadores da Kaiser Permanente Southern California e da Universidade do Alabama, em Birmingham, ambos nos Estados Unidos, analisaram 5.673 pacientes sobreviventes de câncer, com idade entre 15 a 39 anos. Após o diagnóst6ico e tratamento, os pacientes foram acompanhados e avaliados para problemas como insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral e doença arterial coronariana. Em seguida, os dados destes pacientes foram comparados com os de 57.617 pessoas saudáveis.
Após ajustes para fatores de risco para doenças cardiovasculares como diabetes, tabagismo, hipertensão arterial e peso, os pesquisadores concluíram que os participantes que sobreviveram a um câncer corriam um risco 2,37 vezes maior de ter alguma doença cardiovascular, em comparação com as pessoas saudáveis. No caso de pacientes que foram diagnosticados com tiveram leucemia e câncer de mama, esse risco foi ainda maior: 4,2 vezes e 3,6 vezes, respectivamente.
Fernando Maluf, chefe do departamento de oncologia clínica do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes, da Beneficência Portuguesa, em São Paulo, explica que o aumento do risco é causado não pelo câncer em si, mas pelo tratamento do tumor.
"A quimioterapia e a radioterapia são tratamentos agressivos para o organismo e, além dos efeitos colaterais momentâneos, podem gerar complicações de longo prazo no organismo, como o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Os medicamentos contra leucemia e câncer de mama são potencialmente mais tóxicos para a saúde cardiovascular, daí o aumento ainda maior do risco", explica Maluf.
Para o médico, o resultado deste estudo é particularmente importante, pois reforça a importância do paciente jovem com diagnóstico de câncer ser acompanhado por profissionais de saúde multidisciplinares. "Estas conclusões também reforçam a necessidade de desenvolvimento de novos medicamentos contra o câncer. Precisamos de tratamentos que mantenham a efetividade contra a doença, mas que sejam menos tóxicos para o organismo", afirma.
(VEJA)
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